Piadinha rápida

Ouvi por aí, de um amigo candango:

Qual a semelhança entre o Cebolinha, Bill Clinton e Renan Calheiros?

– É que os três se ferraram por causa de uma Mônica.

Filme Tropa de Elite vira troco no Rio

Em visita ao Rio fui matar a saudade do jornal O GLOBO que é muito difícil de encontrar em Brasília. A coluna do Ancelmo Gois sempre foi leitura obrigatória, principalmente pelas pérolas que aparecem.

Vejam a beleza de hoje:

CENA CARIOCA

Acredite. Um professor universitário deu o dinheiro do táxi para a babá buscar seu filho na escola e, na volta, em vez de troco, a moça lhe entregou um DVD pirata de “Tropa de Elite”, com esta explicação: – Olha, o senhor desculpe. Mas o moço do taxi não tinha R$ 3 do troco e deu este DVD…

Pô! Além da sacanagem da pirataria, agora até já baixaram o preço do DVD? Aqui em brasília ainda vale um pouco mais. Tem nego vendendo a 8 reáu.

Robert Wong e suas portas que se fecham

Estava aqui no meu canto, fazendo qualquer coisa e de olho na televisão. E eis que, em horário nobre, em pleno intervalo do Jornal Nacional, me aparece um chinês conclamando a turma de cursinho e do ensino médio que não sabe ainda o que fazer da vida a visitar seu site e mandar mensagens que todos seus problemas existenciais se resolvam.De curiosidade, fui até lá:Portas que se fecham

Tá de sacanagem! O cara gasta uma fortuna num anúncio de televisão apenas para anunciar um site e não tem nem o diabo em funcionamento? O dinheiro deve estar sobrando, ou um tremendo mico da agência de publicidade.

O tal chinês é Robert Wong, eleito o maior headhunter do Brasil (palavras dele). Pra quem não sabe, headhunter é aquele cara que recebe pra tentar te conseguir um emprego, e depois fica com o teu primeiro salário.

Que vergonha, Sr. Wong!

[UPDATE 13/10]: o site já está a funcionar corretamente.

Cariocas definitivamente não gostam de dias nublados

E das trevas, fez-se a luz! Finalmente eu entendi aquela música da Calcanhoto.

Como deve ser de conhecimento de todos, aqui em Brasília não chove há pelo menos mais de  4 meses. Sol na moleira direto. É dia e noite com areia na cara, na roupa, na cama, em tudo quanto é orifício disponível. Se fosse no Rio, era praia direto!

E eis que no início do mês, chuveu o dia inteirinho. Depois parou.

Tem noção do espetáculo medonho que foi a expectativa dos candangos com relação à chegada chuva? Era um tal  de nego prevendo a hora certa da chegada de acordo com a direção do vento, do cheiro do mato, da forma das nuvens, da posição do sol, e sei lá mais o que.

E quando ela finalmente chegou? Tinha gente pendurada no prédio com a boca aberta, parada no meio da rua sorrindo pro nada, porrada de carro em tudo quanto é lugar, notícias a todo minuto na televisão e no rádio elevando aos céus a dádiva pluvial.

Definitivamente, os cariocas não gostam de dias nublados. Nem chuvosos.

Quer ficar rico?

Então venha viver aqui em Brasília. É sério! E lógico! Raciocinem comigo: se tempo é dinheiro, quanto mais tempo se tem, mais dinheiro se ganha. Diretamente proporcional. Pura matemática. Investimento sem risco.

O meu dia sempre teve 24 horas. E era divido em: 8 horas de sono, 5 horas no trânsito, 1 hora de almoço, 8 horas de trabalho. Quanto sobrava? 2 horas? Errado! Cara, depois de passar 5 horas no trânsito, você só que ficar olhando pro teto. A primeira hora não conta. Tenho então um saldo de uma hora inteirinha pra usar como eu quiser!

E agora? Com as mesmas 24 horas, tenho: 8 horas de sono, 1 hora no trânsito, 2 horas de almoço, 8 horas de trabalho. Quanto sobra? 5 horas? Errado! Nas duas horas de almoço, pego uma hora para fazer qualquer coisa (até comer). Pego também mais uma hora de sono. Afinal, 7 horas de sono sem o maldito trânsito está de bom tamanho. Saldo final? 7 magníficas horas, só pra mim.

Camarada, que outro investimento lhe dá 600% diários de rendimento? Risco zero! É batata! Tô pensando até a me candidatar a sucessor de Warren Buffet.

Ah! Que saudades da AR-15, da AK-47, da 9 milímetros…

Quando viva no Rio, estive em situações peculiares ao bom carioca. Já fui assaltado uma penca de vezes, no carro, em casa, na rua, no ônibus. Até que certa vez me confundiram com o gerente de uma farmácia, enquanto comprava fraldas. Sem brincadeira, tentar argumentar com um trabuco na sua testa sem molhar as calças não é tarefa pra qualquer um. Antes mesmo do malandro enfiar o cano na minha cabeça, eu já sabia. Era uma pistola 9mm cano longo. Prateada. O som é seco e sem eco. Faz um estrago do cacete.

Eu já estava começando a me preocupar com este tipo de conhecimento específico adquirido.  Já sabia reconhecer a diferença do som de fogos, bombinhas, tiros de metralhadora, semi-automáticas, pistolas, granadas. Mesmo quando todos eles explodiam ao mesmo tempo, numa profusão de dedos nervoso.

Me senti um perfeito carioca ao ver a pesquisa elaborada pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, informando que nada menos do que 70% dos cariocas costumam ouvir, pelo menos às vezes, disparos de armas de fogo. Sendo que mais de 30% os ouvem sempre. E tem mais: a grande maioria reconhece até o tipo de arma utilizada.

Pombas! Isso lá é jeito de viver? Sabe quantas vezes ouvi um disparo nestes quase 12 meses que estou aqui em Brasília? Nenhuma. E quantas armas eu vi nas ruas fora das mãos de policiais? Nenhuma!

Não é que a violência não exista aqui no cerrado, nem tampouco tenha migrado para outro canto de mais fácil expansão. É que no Rio, a violência é atrofiante e claustrofóbica.

Fonte: Terra e BandNews

Massa com sopa, ou tudo junto no mesmo lugar

SopaEu adoro rodízio de massas. Sinto saudades até hoje dos finais de semana em que me acabava no Seven Grill, lá em Niterói, que na minha opinião sempre foi um dos melhores. Deixava depois o carro na garagem e ficava dando voltas intermináveis no quarteirão, à pé, até que conseguisse respirar com facilidade depois da digestão forçada. 

Nos rodízios, começava sempre na pizza, com um copo de chopp. Depois passava pelos infinitos sabores de macarrões, calzones, inhoques… e voltava para as pizzas, só que doces.

Cheguei no cerrado, e meu mundo desabou.

Cara, os rodízios de massa daqui servem também sopas (carinhosamente chamadas de caldos). Ora bolas! Se eu quisesse comer macarrão com sopa fazia um miojo em casa! E a única coisa que o garçons te servem à mesa é a pizza. O restante, te vira para pegar nos balcões.

Acho que estou muito mal-acostumado.

Mas, para quem tiver uma imaginação fértil, algumas combinações podem ser no mínimo extravagantes: pizza de calabresa com canja de galinha, macarrão ao molho branco com sopa de legumes, feijão com lasanha, sei lá! Quem se habilita?

Ajoelhou? Não tem jeito: reze!

Quando afirmo que aqui no cerrado a coisa é de maluco, tem neguim que me sacaneia. Dizem que o errado sou eu, vejam só! Eu nunca erro, no máximo cometo um pequeno equívoco.

Caro leitor, me acompanhe e ajude a entender. Minha filha, que tem treze anos, travou comigo o seguinte diálogo:

– Pai, minhas amigas estão fulas da vida comigo. Comentei com elas ontem que talvez a gente pudesse fazer o trabalho da escola aqui em casa hoje lá pela uma da tarde. Só que elas vieram nessa hora e ficaram esperando no portão um tempão e depois se mandaram, já que a gente não tava em casa. Pô… essas meninas tão malucas? Eu nem tinha confirmado nada!

Minha filha descobriu na prática um hábito tenebroso, que em nada se assemelha aos padrões cariocas de convivência pacífica e sem encheção de saco: aqui, basta marcar e o cara aparecer. Porra, fala sério!

Lá no Rio é comum a frase “aparece lá em casa tomar alguma coisa” mas sem a menor intenção de ficar na porta aguardando o malandro chegar. Normal. É quase que substituto do “tchau, até mais”.

Agora, sabem o que eu faço? Deixo claro que ligo para confirmar a combinação, se a tal realmente for acontecer. Já até me questionam: essa é uma combinação carioca ou de verdade?

E eu vou aguentando…

Pé na porta!

Putz meu chapa! É coisa de maluco.

Imagine você passar quase toda a sua vida num mesmo lugar, fazendo as coisas de um jeito. Aquele meio malandro, meio esculhambado, tipo ah! tá legal assim mesmo. Dirigir como um animal numa selva de carros e prédios, ruas estreitas, buracos te engolindo. Sinal amarelo? Acelera essa merda! Vermelho? Senta o pau senão te assaltam. Normalíssimo. Vidro do carro sempre fechado. Almoço no restaurante da esquina, rápido, uma horinha. Cerveja na praia final de semana, carro todo sujo de areia. Galera aparecendo em casa sem avisar. E quando marca, não aparece. 

Até que te jogam num lugar estranho. As ruas são largas e sem prédios. Chega a ser claustrofóbico de tanto espaço. Os carros, em vez de funk, tocam música sertaneja às alturas. Você tem que frear o carro na porra do meio da rua, quase batendo no da frente, pra neguinho atravessar. E ainda levar uma dedada na cara se faz cara feia! sinal amarelo? Segura o carro, meu chapa. Vermelho? Carro paradinho. Vidro sempre aberto, sem problemas. Na hora do almoço, quando você está dando um pulinho em casa, o rádio informa as condições do trânsito. E você presta atenção! Duas horinhas sem nada pra fazer.

E o mais interessante de tudo… é que você passa a gostar acostuma! Estranho era a outra vida!

É disso que esse blog vai tratar, a partir de hoje: um manual de sobrevivência do cerrado. A visão de um carioca sobre o povo candango, as estranhezas pra quem é de fora, o inusitado, o que funciona, a loucura.

Só vai faltar a praia.