Seguro de carro aquí no Rio é BEM mais barato!

Todo início de ano é uma loucura. Tem IPVA, IPTU, material escolar… a lista é quase interminável de pequenas coisas pra pagar, que sobra sempre mais mês no fim do salário. E por aqui ninguém ousa deixar seu carro sem seguro – outra porrada.

Mas enquanto o dinheiro não vem, é possível poupar uns trocados com o seguro do carro. Meu vizinho – que de bobo não tem nada – me mostrou o seguro de carro mais barato do Rio:

Seguro de Carro Barato

Ah! E não pense que o malandro gosta de guardar segredo. Sua fantástica idéia taí pra todo mundo ver, no meio de uma rua bem movimentada.

Seguro de Carro Mais Barato

Se eu fosse ele, patenteava. E cobrava pelas fotos.

E você?

King Size Rio: loucura, loucura!

O Rio de Janeiro continua lindo… e quente! O buraco aqui é tão mais embaixo que o cara acaba perdendo completamente a sanidade. E não estou falando só do sujeito com a carteirinha do Pinel e passe livre nos ônibus, como esse aí do vídeo que mistura amor e loucura, máfia chinesa e corte portuguesa, estupro e suruba nas barcas rio-niterói. É muito mais.

É a verdadeira loucura labial, frases de loucura jorradas como para-quedas da própria realidade.

Nem eu sei o que estou fazendo por aqui. Alguém pode me ajudar?

Ensaio da Viradouro, Praia e Itaipava barata. Quer mais?

Estou aqui no Rio para as festas de fim-de-ano. Na verdade, em Niterói. E mesmo estando a um passo de ser expulso, existem três coisas que REALMENTE sinto falta quando volto para o Cerrado. Falta essa que só me dou conta de existir quando estou aqui por estas bandas.

1) A praia, e da tranquilidade do caos

Tempestade no Rio vista de Camboinhas
Uma quase-tempestade sobre o Rio,visto de Camboinhas

Sim, praia faz falta.
Mesmo no caos de uma tempestade, mesmo sem sol, sem nada.

2) Cerveja Itaipava barata. E gelada!

Cerveja Itaipava barata e gelada
Cerveja Itaipava gelaaaaaada!

Em Brasília, a Itaipava é cerveja de rico.
Aqui no Rio, de todos.

3) O ensaio da Bateria da Viradouro


Vídeo do ensaio da bateria da Viradouro

Samba, carnaval, cerveja.
O mundo desaba com a Bateria da Viradouro.

O carioca no país das maravilhas

Acabei de ver o último episódio da temporada de Alice, série produzida pela HBO. Na história, Alice se muda do Tocantins para São Paulo por conta da morte do pai. Aí começam suas perambulações pela cidade grande, as festas, a loucura, novos amigos. Enfim, como a personagem da história de Lewis Carroll, um novo mundo se abre e a necessidade de se encontrar nesse espaço é o tema de toda a temporada – que recomendo sem erro pela direção, argumentação, trilha sonora e excelentes atores (nota 10 para a mineira Andréia Horta).

_alice

Um ano se passa, e no último capítulo nossa Alice resolve voltar a Tocantins para resolver algumas questões sobre a mãe que morreu/não morreu lá pelas dunas do Jalapão. Resolvidas as pendengas, ainda no minúsculo aeroporto de Palmas, encontra um cara visivelmente nervoso e o seguinte diálogo se trava, mais ou menos assim:

Alice: – Tá nervoso?

Cara: – Tô. Primeira vez em São Paulo.

Alice: – Fica nervoso não. Você vai gostar.

Cara: – Você é de lá?

Alice: – Sou. Sou de São Paulo, sim.

Semana passada estive no Rio – em Niterói, na verdade -, coisa que faço pelo menos duas vezes por ano. Só que não me reconheci mais na cidade em que nasci, cresci, estudei, namorei, casei, tive minhas filhas. Percebi que não pertenço mais àquele lugar, me senti um estranho, as ruas, as pessoas, não me sentia confortável. Mesmo conhecendo cada milímetro daquele espaço que foi um dia todo o meu mundo, me perdi. Por dentro, não por fora.

A cidade me rejeitava, me expulsava, como se eu fosse um corpo estranho. E eu tentava me apegar a tudo aquilo de novo, com força, mas não conseguia me fixar. Não quero mais voltar pra ficar. Meu porto já está em outro lugar.

Sou candango, e vim para ficar.

E o Crack avança na sapucaí… abram alas!

Lenda, segundo o Houaiss, é um “mito popular de origem recente; uma tradição popular; uma fraude; uma mentira;”. Lá no Rio há anos escuto de que o crack é uma droga com penetração muito pequena, ou quase inexistente na cidade, por conta dos próprios traficantes. Isso porque ela mata muito rápido, então este “mercado” perde seus “consumidores” na mesma velocidade.

Crack é a droga dos pobres

Tudo mentira. O consumo de crack tem aumentado muito no Rio devido ao seu preço extremamente baixo e grande poder viciante, quando comparado às trouxinhas de maconha e papelotes de cocaína. E a faixa etária de consumidores só tem caído: a garotada tem guardado o dinheiro da merenda para comprar pedras de crack. Daí a tal Lenda de que os traficantes do Rio preferem vender maconha e cocaína do que o crack, impedindo sua entrada nas favelas. E pela primeira vez a polícia do Rio admite que o crack já está à venda em todas as boca-de-fumo das favelas cariocas.

Os traficantes do Rio parecem ter a mesma estratégia mercadológica das grandes redes de comercio varejista, e perceberam que vender produtos com preço mais baixo e qualidade superior aumenta seu mercado consumidor. Os efeitos do crack são devastadores: ele é tão alucinante e deixa o sujeito numa fissura tão grande, que o cara é capaz de fazer qualquer coisa para repetir a dose.

Como a merla, uma droga muito comum aqui no Distrito federal, o crack é conhecido como a droga dos pobres. É produzido toscamente a partir de folhas de coca esmagadas com querosene, ácido sulfúrico, éter, acetona e ácido clorídrico. Bastam três doses pro sujeito viciar. Mas o efeito é rápido: em dois minutos o cara já fica careta. Por isso a procura é enorme.

Problemas com drogas tem em qualquer cidade brasileira. Inclusive aqui em Brasília, com sua juventude hipócrita e sem propósitos. Mas no Rio é tudo muito mais complicado.

Estou ficando velho pra sair na balada

Noitada, na balada, saída, ir pro rock… seja lá que expressão queira usar, significa entrar numa boate (ou danceteria, ou casa de show), enfrentar filas gigantescas pra conseguir uma cerveja (cara!), ouvir umas músicas (ruins!) que mais parecem batuques na moleira, disputar espaço com adolescentes histéricos (e desmiolados!), ameaçar estes mesmos adolescentes que tentam mexer com sua mulher (esposa, pô!), enfrentar novamente uma fila pra pagar (caro!), chegar em casa acabado e dormir até babar.

Pista de Dança para velhos
Luz, câmera, ação! Cadê o malandro rodopiando?

Parece filme de terror? Quase. Acho que tô ficando velho para este tipo de programa: boate de adolescentes. Foi o que tentei fazer depois de muitos anos frequentando lugares que já não me pedem mais identidade na porta.

O alvo escolhido foi a boate The Ville, em Niterói. A incursão ocorreu durante minhas merecidas férias na cidade natal. Além de me aventurar em pescarias noturnas, fui convencido de que “ir pra balada” seria um programa legal.

Balada na boate The Ville - com Skol!
Eu tava lá mesmo. Só com muita Skol na cabeça pra aguentar.

Então, por favor caros baladeiros e amigos leitores: me ajudem a entender o que tem de legal e divertido nos acontecimentos a seguir.

Fila para entrar na fila

O camarada que inventou o sistema de pedir identidade para lhe conceder o direito de entrar na fila para mostrar novamente a identidade não deve ter mãe! Ou deve ser coisa da associação dos macacos-segurança-de-boate para garantir o emprego dessa galera. Neste ponto, eram três a conferir minha cara-crachá.

Fila para dar o nome para outra fila

Depois do direito concedido a entrar em mais uma fila, novamente tenho que mostrar a identidade, nova conferência cara-crachá realizada e meu nome devidamente apontado numa comanda. À mão. Neste ponto era uma desmiolada acompanhada de outro segurança fazendo o relato. E olha que ainda nem entrei pelos portões dourados da boate.

Fila para conferência da comanda e mais cara-crachá

Passando finalmente pelos portões dourados, encontro mais uma fila. Agora é pra pegar a comanda onde a desmiolada escreveu meu nome à mão, e mais uma conferência cara-crachá. Feito isso, meu RG, nome e número da comanda passa a ter registro em um sistema computadorizado. Ou seja, por que o imbecil lá na primeira fila já não faz esse troço? Ou talvez a própria desmiolada da primeira conferência?

The Ville. Agora que entrei, quero é curtir.
Tá na hora de curtir… cadê o cara da cerveja?

Ok, agora que entrei eu quero beber

Bem, mais fila. Dessa vez, percebo que cada ponto de venda de cerveja tem pelo menos duas pessoas: uma para te servir e marcar à caneta a comanda, e outra para digitar no computador a mesma coisa que o cara que te serviu acabou de fazer. Excelente, não é? Tem noção da quantidade de postos de trabalho desnecessários que foram criados? E das filas que se formam com este procedimento peculiar? É duro… por isso a Skol Longneck custa 5 reais.

Agora que consegui pegar a cerveja, quero dançar!

Beleza, vou dançar. Num cubículo com mais umas 100 pessoas. E com músicas que nem minha filha de 13 anos – e que ouve aquela droga de Jovem Pan todo dia – conhece. Não dá pra empolgar. E como agora devo mexer o corpo na batida maçante daquelas músicas? Acho que vou ficar parado, levantar o braço e balançar a cabeça pra frente e pra trás. Dá jeito, não dá?

Já bebi e já dancei. Agora, vou ao banheiro.

Num ambiente lotado de gente se balançando, tentar ir ao banheiro não é uma tarefa das mais fáceis. Reparei que, quando um cara quer passar atrás de você, antes dá uma batidinha complacente nas suas costas, manda um “desculpa aí”, gira o corpo um pouco pro lado e tão rápido quanto chegou tenta não encostar nas suas partes baixas e protegidas – o que invariavelmente acaba acontecendo, mas o corpo de lado minimiza o estrago. Só que a malandragem impera quando o sujeito quer passar por uma mulher. Fica parado, partes baixas salientes, e a pressa de mijar desaparece como que por encanto. Afastar essa papagaiada das costas de sua mulher é tarefa recorrente. E nada agradável.

Enchi o saco. Vou embora.

Depois de enfrentar filas para entrar e beber, lutar contra músicas alucinadas, se estranhar com a malandragem na sua mulher e lutar para ir ao banheiro, chegou a hora de pagar a conta. Devia ser fácil e rápido, não é? Esquece. Mais fila. Dessa vez única e indiana. E mais conferência cara-crachá. Talvez para garantir que você seja o mesmo babaca lá do início da noite. Só que com o saco muito mais inchado!

Tô fora!

Ofurô no navio
Daqui ninguém me tira… só se o navio afundar.

Meu negócio é esse aí de cima: ofurô no navio; garçóns me servindo; ser chamado de senhor; sem ninguém pra perturbar.

Será que estou ficando velho?

Pescaria na lagoa, sossego, pôr-do-sol, e… Goianos na água!

Passei o natal e o ano-novo no Rio. Tá, eu sei que a notícia é velha, que o Carnaval tá logo aí porrando a porta… mas é que eu tava há um mês sem Internet, sem telefone, sem saco de usar uma linha discada emprestada pra enfiar as novidades. Então, oficialmente, o ano começa agora para mim e para o blog.

Pôr do Sol - Praia de Itaipu
Quer sossego? Pôr-do-sol em Itaipu, Niterói. É só esquecer a fedentina…

E continuando as amenidades, fui pescar siri e camarão de arrastão na lagoa de Itaipu, em Niterói. É um lugar legal se você não prestar atenção no cheiro de peixe podre, na lama que come sua perna e nos mosquitos te zoando à noite.

E por ser uma lagoa de fácil acesso, tem uma galera tirando onda de jet ski. Ou pelo menos tentando, como o malandro aí da foto:

Acho que minha idéia não vai dar certo.
Veja como sou esperto! Será que meu carro sabe nadar?

O zé mané me enfia as quatro rodas de uma picape na lama, sem tração, encaixa o reboque na traseira, mete uma porrada de gorducho no carro e ainda acha que a coisa vai funcionar. Sem chance! O pior é ter que aguentar a galera sacaneando:

Alguém me ajuda a tirar o carro da água?
Alguém viu minha bóia por aí?

Então? Quantos cariocas são necessários pra tirar o carro de um Goiano da água? Não sei, mas prefiro ficar de fora tirando fotos e zoando. É muito mais divertido!

Pescaria de siri na lagoa
Siri esperto não aparece no arrastão. Ou vira moqueca.

Mas depois da palhaçada, consegui siri o suficiente para três dias de moqueca.

Férias no Rio de Janeiro e a volta triunfante. Chega de samba.

Rio de Janeiro: praia, sol, futebol, samba, cerveja, batuque… duas semanas de exageros gatronômicos, sociais e festivos chegam hoje ao fim. De volta ao cerrado, caros amigos. De volta à vida normal.

Fim de férias. Chega de praia.

Mas sem antes das aporrinhações de sempre, é claro!

Para começar, a droga do meu vôo está atrasado em nada menos do que 3 horas! Ao menos desta vez é apenas um atraso. A única companhia aérea que tinha lugares disponíveis era a OceanAir – por razões óbvias, não é mesmo? – e não tive outra alternativa. Confesso que fico um pouco apreensivo em viajar por companhias aéreas pequenas e desconhecidas para mim, mas sigamos em frente.

Depois tem o acesso à internet. Antes de sair de férias para o Rio resolvi assinar o serviço de internet sem fio ASAS, do IG, que atualmente pertence à BrasilTelecom e é suportado pelo BrTurbo. Uma zona do cacete. A vantagem é que, além de ser um valor mensal razoavelmente pequeno, ele vem direto na minha conta de telefone fixo. Sem complicação.

Só não sei que bosta estes caras do IG  fizeram que romperam a parceria com a VEX, que deve ter hotposts de acesso em mais de 90% dos aeroportos brasileiros. Agora, para acessar via ASAS, preciso de um hotspot da Telefonica.

A conclusão é que tive que pagar novamente por um serviço que já estava contratado, já que no aeroporto Tom Jobim – Galeão – no Rio de Janeiro não tem ponto de acesso WiFi da Telefónica! E toma-lhe dinheiro pelo ralo!

E por falar em dinheiro pelo ralo, o único lugar disponível que encontrei para sentar, com uma mesinha decente e uma tomada por perto pra ligar o notebook foi no restaurante mais caro de todo o aeroporto: o Demoiselle. E como eu tenho cara de pau, mas não de ferro, aguentar os garçons sem pedir nada é dose. Um choppinho 200 ml a R$ 3,20. E chega!

Eu devia mesmo é ter comprado um livro e ter deitado no saguão. Mais barato, não acham?

Visões do inferno

O trânsito pra mim é o inferno na terra. Se existe Deus de uma lado, do outro está o engarrafamento. A principal razão que me fez sair do Rio e morar em Brasília foi exatamente essa merda que me consumia. Bala perdida? Violência? Escracho? Tudo fichinha!

Hoje lavei a alma.

O túnel Rebouças, um buraco quente e fedorento que liga as zonas norte e sul do Rio, foi fechado devido a um deslizamento de terra pela chuva torrencial. Resultado? O trânsito na cidade parou, completamente. E EU NÃO ESTAVA LÁ!

Delizamento no Túnel Rebouças
Túnel Rebouças fechado

Tá! Tá! Sou um cara egoísta, a cidade ferrada e eu aqui de alma lavada. Nego morrendo e o escambau. Mas que se dane. Eu não estava lá! Passava todo dia neste buraco. Já esteve engarrafado por mais de uma hora dentro de um túnel? Eu já.

Engarrafamento na avenida Presidente Vargas
Avenida Presidente Vargas ferrada

E a melhor de todas: a maldita ponte Rio-Niterói. Entupida. Agonizante. E eu longe! A verdadeira visão do inferno. Sim, tenho pena da galera ali em cima. Mas e daí? EU NÃO ESTAVA LÁ!

Engarrafamento na Ponte Rio-Niterói
Ponte Rio-Niterói entupida

Fotos do O GLOBO, aqui e aqui.

Ah! Que saudades da AR-15, da AK-47, da 9 milímetros…

Quando viva no Rio, estive em situações peculiares ao bom carioca. Já fui assaltado uma penca de vezes, no carro, em casa, na rua, no ônibus. Até que certa vez me confundiram com o gerente de uma farmácia, enquanto comprava fraldas. Sem brincadeira, tentar argumentar com um trabuco na sua testa sem molhar as calças não é tarefa pra qualquer um. Antes mesmo do malandro enfiar o cano na minha cabeça, eu já sabia. Era uma pistola 9mm cano longo. Prateada. O som é seco e sem eco. Faz um estrago do cacete.

Eu já estava começando a me preocupar com este tipo de conhecimento específico adquirido.  Já sabia reconhecer a diferença do som de fogos, bombinhas, tiros de metralhadora, semi-automáticas, pistolas, granadas. Mesmo quando todos eles explodiam ao mesmo tempo, numa profusão de dedos nervoso.

Me senti um perfeito carioca ao ver a pesquisa elaborada pelo Instituto de Medicina Social da UERJ, informando que nada menos do que 70% dos cariocas costumam ouvir, pelo menos às vezes, disparos de armas de fogo. Sendo que mais de 30% os ouvem sempre. E tem mais: a grande maioria reconhece até o tipo de arma utilizada.

Pombas! Isso lá é jeito de viver? Sabe quantas vezes ouvi um disparo nestes quase 12 meses que estou aqui em Brasília? Nenhuma. E quantas armas eu vi nas ruas fora das mãos de policiais? Nenhuma!

Não é que a violência não exista aqui no cerrado, nem tampouco tenha migrado para outro canto de mais fácil expansão. É que no Rio, a violência é atrofiante e claustrofóbica.

Fonte: Terra e BandNews