Massa com sopa, ou tudo junto no mesmo lugar

SopaEu adoro rodízio de massas. Sinto saudades até hoje dos finais de semana em que me acabava no Seven Grill, lá em Niterói, que na minha opinião sempre foi um dos melhores. Deixava depois o carro na garagem e ficava dando voltas intermináveis no quarteirão, à pé, até que conseguisse respirar com facilidade depois da digestão forçada. 

Nos rodízios, começava sempre na pizza, com um copo de chopp. Depois passava pelos infinitos sabores de macarrões, calzones, inhoques… e voltava para as pizzas, só que doces.

Cheguei no cerrado, e meu mundo desabou.

Cara, os rodízios de massa daqui servem também sopas (carinhosamente chamadas de caldos). Ora bolas! Se eu quisesse comer macarrão com sopa fazia um miojo em casa! E a única coisa que o garçons te servem à mesa é a pizza. O restante, te vira para pegar nos balcões.

Acho que estou muito mal-acostumado.

Mas, para quem tiver uma imaginação fértil, algumas combinações podem ser no mínimo extravagantes: pizza de calabresa com canja de galinha, macarrão ao molho branco com sopa de legumes, feijão com lasanha, sei lá! Quem se habilita?

Ajoelhou? Não tem jeito: reze!

Quando afirmo que aqui no cerrado a coisa é de maluco, tem neguim que me sacaneia. Dizem que o errado sou eu, vejam só! Eu nunca erro, no máximo cometo um pequeno equívoco.

Caro leitor, me acompanhe e ajude a entender. Minha filha, que tem treze anos, travou comigo o seguinte diálogo:

– Pai, minhas amigas estão fulas da vida comigo. Comentei com elas ontem que talvez a gente pudesse fazer o trabalho da escola aqui em casa hoje lá pela uma da tarde. Só que elas vieram nessa hora e ficaram esperando no portão um tempão e depois se mandaram, já que a gente não tava em casa. Pô… essas meninas tão malucas? Eu nem tinha confirmado nada!

Minha filha descobriu na prática um hábito tenebroso, que em nada se assemelha aos padrões cariocas de convivência pacífica e sem encheção de saco: aqui, basta marcar e o cara aparecer. Porra, fala sério!

Lá no Rio é comum a frase “aparece lá em casa tomar alguma coisa” mas sem a menor intenção de ficar na porta aguardando o malandro chegar. Normal. É quase que substituto do “tchau, até mais”.

Agora, sabem o que eu faço? Deixo claro que ligo para confirmar a combinação, se a tal realmente for acontecer. Já até me questionam: essa é uma combinação carioca ou de verdade?

E eu vou aguentando…